Na quarta-feira retrasada teve futebol. Fazia tempo que eu
não jogava. Voltei pra casa com um machucado no cotovelo. Convivi bem com ele
durante a semana. Nesta quarta-feira fui jogar novamente. O machucado no
cotovelo estava quase curado... Machuquei o dedão do pé. Doeu um pouco e ainda
dói. Dói agora, dentro do meu sapato, enquanto escrevo sobre ele. Na
quinta-feira (ontem, se o leitor contou bem) acordei e fui trabalhar. Peguei o
dedão machucado, passei remédio, cobri com gaze, coloquei o pé na meia e calcei
os sapatos. Claro que ficou apertado. Fui trabalhar assim. Estava atrasado.
Correr até a Caxangá não era uma opção, então eu fui mancando mesmo. Cheguei na
Caxangá, atravessei a pista do sentido cidade-subúrbio e parei no meio. Eram
duas fileiras intermináveis de carros. Avistei meu ônibus na outra ponta da
outra pista. Pedi com a mão para os carros pararem e me deixarem passar. Eles
pararam e eu subi, aliviado. Não posso deixar de mencionar o ônibus. Era o RIO
DOCE(CDU). Tenho certeza que o leitor conhece bem. Era ele mesmo. E eu ainda
fui sentado! A viagem estava normal. Eu oscilava entre cochilos e troca de
mensagens com minha namorada, Khrízia Taynã (que tem brabeza e beleza em
excesso). Tudo isso ouvindo Djavan ou alguma outra música boa. De repente, o
ônibus freou bruscamente e um som estridente foi ouvido. Quase fui arremessado
da cadeira... Foi extremamente rápido. O ônibus batera numa árvore. O leitor
vai pensar o mesmo que eu: como o motorista conseguiu fazer isso? Ainda estou
estudando isso... Toda a parte do letreiro eletrônico do ônibus ficou quebrada.
Nós ficamos bem. Outro ônibus, da mesma linha, passou, logo em seguida e todos
subimos. Resultado óbvio: cheguei atrasado. Acabou ali a parte aventureira
daquele dia. Se eu tivesse Guilherme Arantes, ontem, no meu celular, eu ouviria
“Amanhã”, pra servir de consolo... Hoje, pela manhã, foi assim: Acordei,
coloquei uma meia no pé cujo dedão ainda está machucado e calcei os sapatos.
Saí atrasado, mancando um pouco menos que ontem. Cheguei na Caxangá e parei no
meio da Avenida. Esperava pela oportunidade de atravessar a segunda pista e
chegar na parada quando vi que Rio Doce se aproximava. Pedi, com desespero, pra
imensa fila de carro parar e me deixar passar. Eles o fizeram. Subi no ônibus
e... fui sentado!!!... Entre cochilos e músicas e namoro por mensagens, senti o
ônibus parar e abri os olhos (estava no momento do cochilo, nessa hora). Abri
os olhos despretensiosamente, como se tivesse acordando numa manhã calma de sábado...
Vi todos os passageiros se levantarem e começarem a descer. Eu estava perdido...
O que aconteceu? Será que tínhamos morrido e o pessoal do céu (ou do inferno)
estava fazendo a triagem? Era uma bomba? Um assalto? Uma árvore???!!!!...Perguntei
aos que desciam comigo. Pobres passageiros e “cochileiros”. Eles de nada sabiam.
Achei a cobradora e lhe perguntei o que ocorrera. “O motorista está sentindo
dores na perna”, disse ela. Balancei a cabeça, me virei e olhei ao redor. Tinha
certeza que aquela árvore ficava ali, naquela mesma avenida. Não a encontrei.
Não deu tempo de procurar mais. Outro ônibus da mesma linha apareceu,
rapidamente, e todos subimos... Resultado óbvio: cheguei atrasado e escrevi uma
crônica...
-Danillo Melo-
28/09/2012