Abri o facebook, entrei no grupo da minha turma: Letras
Licenciatura Português 2012.1 e postei a respeito de um recital do qual
participaria. O primeiro comentário postado foi o seguinte:
“queria está presente. Mas escravo de minha vontade ou do não poder, o
“queria” sua como algo bem distante...”.
Olhei para o texto e
o reli. Não havia ninguém por perto. Eu, poeta e cronista, futuro professor de
português e escritor, dotado de grande inteligência lingüística, falei para mim
mesmo: entendi! Mas acho que “mim mesmo” não entendeu. Eu o ameacei dizendo que
ele seria ridicularizado caso descobrissem. Ele se calou. Compactuamos.
Ocultamos o nosso crime. Só nós dois sabíamos do acontecido. Não conversamos
mais sobre isso. Evitamos tocar no assunto. Escrevi alguns risos na próxima
caixa de comentário: huauahua. E pronto! Continuamos nossas vidas como se nada
tivesse acontecido. Muitas pessoas curtiram a postagem, mas só havia dois
comentários nela: a frase que o leitor leu lá em cima e o meu “huahuahuahua”.
Eu e “mim mesmo” ficamos apreensivos. Ninguém mais havia achado graça? Todo mundo tinha entendido? “Mim mesmo” quis
rasgar os poemas, excluir o blog e admitir nosso fracasso lingüístico, mas fomos
salvos pelo destino. A data do recital estava errada. Voltei para a postagem e
fiz a correção. Depois disso, dois comentários se seguiram, a respeito do
assunto da postagem. O terceiro comentário foi a nossa salvação. Segue:
“Jansuely Nascimento:
Por que Julio não comenta como uma pessoa normal, hein?”
Ri absurdamente. Fiquei aliviado. Rimos litros. Eu,
Jansuely, Claudia e Caio. Começamos uma aventura lingüística através da
declaração “Julística” citada acima. Onde se vê “sua”, leia-se “soa”, caro
leitor. Essa foi fácil. Essa foi facílima. Todo mundo troca uma letra por outra
na hora de digitar, não é? Segundo Claudia, a questão não era ortográfica. Era
mais além... E foi! Nossa aventura foi animadíssima. Passeamos pelo sentido das
frases tentando descobrir se ele iria ou não para o evento. Eu, particularmente,
gostaria de saber se o Julio vai poder me assistir no recital. Ou se ele quer.
Ou se queria. Aprecio muito sua companhia e não gostaria que um enunciado nos
separasse... Se alguém souber se ele vai ou não, favor me avise. Nos avise.
Estamos ansiosos para desvendar esse mistério, porque nem sempre é fácil dizer
ou escrever o que se quer, ou se entender o que está sendo dito, da maneira
como os outros gostariam que entendêssemos. Entendeu, leitor? Parece que quanto
mais aprendemos a usar a língua, mais difícil se torna dizer com exatidão o que
pretendemos. Convenci a “mim mesmo” disso e ele se arrependeu de ter
arquitetado o nosso fracasso. Percebi que a linguagem é fascinante e complexa.
Que nós, que a estudamos, somos loucos por termos trocado a exatidão dos
números por ela. É que nós a amamos, com todos os defeitos e chatices que só
ela tem. É um amor bandido. O Julio é como cada um de nós, que não comentamos
nada como uma pessoa normal. Descobri que é normal não entender algumas coisas,
algumas vezes e que é até gostoso a busca por tentar entendê-las. Me sinto
melhor agora... Recital no dia 27/11/2012. Julio, meu amigo, vamos ou não
vamos?
-Danillo
Melo-
19/10/2012
Como eu queria responder a essa pergunta, sr. Danillo. Mas não depende de mim...
ResponderExcluirrs
Tres anos, e Júlio ainda escreve "sua"...
ResponderExcluirTres anos, e Júlio ainda escreve "sua"...
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