Ele estava lá, sentado na escuridão das calçadas na saída de
um beco que dá na rua da alfândega, ao lado do estacionamento da livraria
cultura. Eu vinha caminhando da rua da moeda, me dirigindo ao cais de santa
Rita onde eu pegaria o ônibus para voltar à minha casa onde um delicioso misto
quente com pão dormido me esperava.
Entrei justamente no beco onde o delinquente estava sentado.
Agora era eu em uma extremidade do beco caminhando à outra extremidade, onde
ele estava. Bastou entrar no beco e o marginal começou latir. Pensei que era
apenas para aparecer, afinal de contas cão que ladra não morde, não é?
Caminhando passei por ele que agora rosnava como a Polícia Militar em protestos
da classe estudantil.
Eu já estava atravessando a rua da alfândega quando se deu a
cena de agressão a um animal. Eu caminhava sem olhar para trás por não ter me
importado tanto com as ameaças no beco, olhava mesmo era se tinha alguém
suspeito na ponte por onde eu teria de passar para chegar ao cais. Não se pode
vacilar nas ruas do recife à 01:20H da manhã. Eu ouvi os latido ficarem cada
vez mais perto e nem, sequer, suspeitei que ali seria a cena de um crime.
Os latidos iam aumentando de volume. O animal parecia mais
perto. Um crime estava para acontecer e eu não tinha noção do perigo que estava
correndo. Ouvi, de repente, os latidos pararem e senti uma fisgada no pé
esquerdo. O cachorro me mordera, saíra correndo como um covarde e ficara no
outro lado da rua, ainda latindo em minha direção. A raiva veio à cabeça. Como
se agride alguém assim, sem motivos? E os direitos que me cabem, onde ficam?
Acho que ele nunca ouviu falar de direitos humanos... Depois os ativistas da ‘Dogs
Liberation Front’ dizem que somos nós, humanos, os animais. Não compreendo!
-Gleison Nascimento-
21/01/2013
-Gleison Nascimento-
21/01/2013