quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Drummond, Vinícius, Quintana, Paulo Mendes Campos, Danillo Melo, Thiago Martins, Gleison Nascimento, Kerlle de Magalhães e Marcello Borba...


Encontrei-me com o poeta Thiago Martins, no Recife Antigo. Escolhemos um lugar para comer algo enquanto conversávamos. As antigas parcerias que fizemos quase sempre são parte dessas conversas. Nesta ocasião, falávamos um pouco sobre as nossas recentes produções. Aproveitei a oportunidade para contar uma experiência ao poeta... Estava no aeroporto e entrei numa livraria. Encontrei alguns livros de Sidney Sheldon e outros autores. Li aqueles trechos da biografia de alguns deles e, para minha surpresa, muitos deles se tornaram escritores com mais ou menos cinqüenta anos de idade. Falei para o poeta que isso me confortava. “23 anos e nada”, pensava eu. Já era hora de ter um “Best-seller”, ganhar o prêmio Jabuti ou publicar um livro de contos ou poemas. O poeta me confortou: “Somos muito jovens. Ainda tem muita coisa que vamos fazer”. Concordei com ele. Trocamos os celulares e os fones de ouvido. Cada um de nós tinha uma música nova a ser apresentada ao outro. Ouvimos e comentamos as canções um do outro, fizemos observações e elogios. Naquela noite, enquanto conversávamos sobre o que havíamos criado e sobre o que queríamos criar e depois de massagearmos nossos egos, dei-me conta de que o poeta acreditava em mim tanto quanto eu, e que eu acreditava nele, tanto quanto ele. Minha mente criou uma bela conexão de histórias quando, mais tarde, ouvi o poeta Kerlle de Magalhães dizer “... meus ídolos são meus amigos” e quando o poeta Gleison Nascimento me disse que sempre que citava uma frase dita por mim ou por outro amigo poeta, fazia questão de declará-la, na íntegra, como se colocasse aspas, e sempre começava a frase com “O poeta “fulano” disse que...”. Fiquei lisonjeado. O poeta Gleison Nascimento me aconselhou que, nas crônicas, sempre que eu precisasse citar alguém, que o fizesse de maneira a identificar o sujeito (usar nome, sobrenome e título), pois, para ele, no futuro, isso seria útil para a lembrança e o resgate de fatos, pessoas e momentos de nossas histórias...para quando fôssemos ser estudados... Ontem, na internet, assisti a uma entrevista do escritor português José Saramago, ao programa Roda Viva. Ele se tornara escritor aos 55 anos de idade. Eis mais um ponto de conexão da minha teia. Aprendi que a velhice é importante para obter conhecimento a respeito de algumas coisas que, mesmo nesse mundo globalizado e nessa era da informação na qual vivemos, não iremos aprender até que nos tornemos velhos... Pois como disse Renato Russo: “somos tão jovens”, mas “não temos tempo a perder”. É uma honra ter tanta mente brilhante ao meu lado! Que soe pretensioso ou orgulhoso, mas sinto que sabemos bem quem somos e o que queremos e estamos trabalhando para nos tornarmos, quem sabe, talvez, como ele, José Saramago ou como os outros, os outros mestres...



-Danillo Melo-
 29/08/2012

5 comentários:

  1. Meu amigo "poeta Danillo" , vc está ficando realmente bom nisso. Parabéns.

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    1. Valeu Gleison!!!Os elogios e críticas são importantes pra que eu possa continuar e acreditar!OBRIGADO!

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  2. Li uma vez que os poetas quando jovens escrevem melhor que quando mais velhos, pois são mais livres, não viram os horrores da vida e são mais sonhadores e vivem do sucesso da "juventude":leia-se dos 18 aos 40. E ai citam Charles Baudelaire, Castro Alves, Chico Buarque, Cecília Meireles, Florbela Espanca, Cazuza, Renato Russo. Isso não é regra, mas é uma pesquisa curiosa. Porém quando falam dos Romancistas, e contistas, dizem que a maturidade literária chegou quando mais velhos e ai citam: José saramago ( que embora tenha escrito o primeiro livro com 30 anos e continuou trabalhando em jornal e lançando contos, poesias e crônicas em jornais, só veio a lançar um grande livro aos 55 anos de idade), machado de Assis que se tivesse morrido com 40 anos seria lembrado como um autor mediano dos fins do romantismo, após os 40 ele escreveu seus contos clássicos e, obviamente, seus grandes Romances; Guimarães Rosa que escreveu Grande Sertão:Veredas com 40 anos de idade. E existem vários exemplos: Jorge Luis Borges, Mia Couto, James Joyce, Ernest Hemingway e por ai vai... Com a exceção de Rachel de queiroz que lançou o Quinze com 17 anos de idade,
    Clarice Lispector que lançou perto do coração selvagem aos 25 anos, Jorge Amado que lançou seu primeiro livro muito cedo tb e Enfim, o que você falou é curioso, de fato a maioria dos escritores atingiu sua "maturidade" literária quando atingiram a maturidade da vida, e claro, existem exceções. Isso não faz os que atingiram mais novos serem melhores ou piores que os que atingiram já mais tarde. O grande lance de todos é que sempre leram, tantos os que lançaram clássicos jovens quanto os que lançaram na fase adulta: sempre leram, sempre escreveram, sempre lançaram textos e nunca pararam de fazer o que gostam e meio que "por passe de mágica" descobriram seu norte literário. Amigo, poeta, se você acha que escreveu coisas boas, espere chegar aos 40 anos de idade, a maturidade é uma icógnita, mas digo que estamos no caminho certo.

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    1. Meu caro amigo!!Fiz questão de citá-lo na crônica porque você é um desses caras que conheço de perto e dos quais sou fã. Não sabia de todas essas informações que você me passou aí em cima...Obrigado! Escrever é transcendental pra mim e eu não sei explicar muito bem porquê...você sabe como é. Não sei como, eu já entrei nesse mundo buscando isso. José Saramago falou que a literatura é como um canto de um pássaro...faz parte do instinto, da própria constituição dele...é assim conosco também e sou feliz por isso. Sempre foi um sonho pra mim e toda a vida que temos é o período que nos foi dado para construí-lo passo a passo.

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  3. rapaz, vou citar essa frase, posso? Gostei: "Sempre foi um sonho pra mim e toda a vida que temos é o período que nos foi dado para construí-lo passo a passo."

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