quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Eu sou um gato.



Descobri que, se existem vidas antepassadas, em alguma de minhas reencarnações eu fui um gato. Sim, um gato. O primeiro indício que me leva à esta conclusão são as características físicas. Estou acostumado a, desde sempre, escutar:
- Nossa. Como aquele cara é um gato!
E, apesar de sempre ouvir coisas deste tipo, nunca atinei verdadeiramente para este fato. Até esta quarta-feira, dia 14 de Novembro, quando parei para observar um felino que passeava no meio das pessoas num evento de poesia que estava rolando em Olinda. Achei curioso ver um gato passear tranquilamente no ‘Sarau do Cão’. Depois descobri que o Geremias, como é chamado o bichano, é criação dos donos do espaço onde o evento acontecia.
Decidi analisar o comportamento do animal que não me trazia nem um pouco de empatia, até então. Sentei-me na escada de acesso que dá vista para o ambiente principal, onde o Geremias fazia seu tour. Seus passos lentos e compassados, quase balé, me faziam querer caminhar também. Cintive-me e foquei em minha observação.
Percebi que quando algumas pessoas (algumas mulheres, para ser exato) notavam a presença ilustre do bichano, lhe faziam carinho na cabeça. Era uma festa. Ele encostava a cabeça na perna da moça e começava a fechar os olhos, como um Marajá. Ficava mole. Quando a moça desviava a atenção dos carinhos, ele fazia pirraça. puxava a barra da saia, com os dentes. Quando não arranhava, de leve, a panturrilha de sua amada para lhe chamar a atenção. Queria carinho. Juro, senti-me irmão daquele gato.
Por vezes, quando parecia estar cansado daquele monte de gente, se afastava. Parecia arredio. Tornava-se um elegante observador. Após alguns minutos, voltava em sua busca incansável por afagos intermináveis. Eu não cabia mais em mim!
Levantei-me, e desci as escadas correndo. Precisava dividir aquilo com alguém. Afinal, de que vale ser um gato e não poder se exibir por isto. O primeiro amigo íntimo que encontrei foi o Fernando  Bessony.
- Nando, eu sou um gato, cara!
 O Fernando riu da minha cara, talvez me achando Narcisista demais para ser persuadido com verdades relativas. Desisti de contá-lo. Prossegui em minha procura por afago e encontrei a Thalita Pereira que parecia estar mais entretida em minha agonia latente que em qualquer outra coisa. Achei que seria a ouvinte perfeita.
- Neguinha, eu sou um gato.
- Eu sei, eu sei disso, meu bem. Tentou-me consolar.
- Não, não é bem isso que estás pensando... Contei-lhe minhas observações. Não é o máximo?
- Nego. Gato tem bafo de peixe e enterra merda, cara.
Desisti  de minhas auto-psicanálises. Desisti de ser gato. Agora eu quero ser cachorro. Os cachorros são incríveis. É. está decidido. Eu sou um cachorro!

-Gleison Nascimento-
15/11/2012

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