Pegando ônibus
Um dia desses, conversando com o poeta Gleison Nascimento, comentei que os ônibus são um terreno fértil para a composição de crônicas, no entanto, não me lembro de, alguma vez, ter "cronicado" sobre o assunto. Hoje é o dia!
Esperava o meu ônibus chegar, quando alguém passou por mim, como um furacão, em busca do veículo esperado. Eu sorri, para mim mesmo, disfarçadamente e pensei numa crônica!
Pegar o ônibus é um fato interessantíssimo! Para uns é fácil. Fazem até no automático. Para outros é uma aventura.
O sujeito sai atrasado de casa e passa quase correndo pelas calçadas. A sua linha é muito rara, por isso ele se apressa para não perder o horário. A 50 metros da parada, ele avista o seu ônibus. Sai correndo com mala, bolsa, terno, a maçã ou qualquer outra coisa que estiver carregando e tenta atravessar a avenida movimentada! Os carros buzinam, ele quase morre atropelado e volta pra calçada. Molhado de suor, aperta o botão pra fechar o sinal pros carros, balança a perna impaciente, arranca os cabelos e o seu ônibus raro vai embora...e como se não bastasse essa tortura, mais dois ônibus da mesma linha(que é muito rara) passam atrás do primeiro e assim que eles se vão, o sinal abre para os pedestres...O sujeito olha e conta: um, dois,três...três ônibus!!Droga!! Ele senta e espera o próximo ônibus pensando no quanto sua vida é miserável...
A mulher bonita é a que mais se dá bem! Quando ela aponta na esquina, o motorista do ônibus, que vem chutado, buzina. O som da buzina parece dizer: vai pegar esse? A mulher estende a mão, como quem dá a mão pra ser beijada e o motorista pisa no freio. Cantando pneu e balançando como carro de boi, o ônibus para bruscamente. Ela vem desfilando pela calçada, sem pressa e os carros param quando ela dá o menor sinal de que vai atravessar. Ela cruza a avenida com tranquilidade e quando as portas dianteiras se abrem, um motorista cantarolante lhe dá um bom dia!
Os velhinhos, coitados, poucos se lembram dele. " Meu filho, que ônibus é aquele?"...VRUMMMM!!..e o ônibus vai embora!" E aquele?"..VRUMMM..."E aq..."...VRUMMM... Alguém tem que perguntar qual o ônibus que eles esperam e então ajudá-los.
Tem pessoas que tem tanto medo de perder o ônibus que praticamente se jogam no meio da pista para induzí-lo a parar. Um dia desses aconteceu algo assim e o sujeito não conseguiu pegar o ônibus. Foi pego por ele.
Pior que esperar o seu ônibus chegar, deve ser não saber qual ônibus esperar. Aí a pessoa fica parando todos os ônibus que passam. " Esse passa na Federal??" grita. " Pega o CDU VÁRZEA!" alguém responde. Aí o ônibus segue seu caminho e a pessoa para o próximo veículo cujo nome é "TOTÓ"..." Esse passa na Federal??"...
Sabem porque eu comecei a crônica mencionando que alguém passou por mim como um furacão? Porque um outro dia eu peguei um ônibus que eu nem queria. Foi na integração do Barro. Eu estava tentando ir pro metrô e tinha tanta gente correndo na minha direção que eu pensei que era um arrastão ou o fim do mundo( porque 2012 é o ano dessa síndrome de fim do mundo, né?!). Não era uma coisa nem outra. Tentei fugir, mas não deu. Fui empurrado pela multidão e adentrei o grande ônibus vermelho. Perguntei a um homem gordo que me oprimia :"Moço, que onibus é esse?". " BARRO MACAXEIRA" disse.
É assim...pegar o ônibus é o começo de tudo... o resto, da porta do ônibus pra dentro, é outra história, ou melhor, outra crônica...
-Danillo Melo-
17/04/2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Chico Buarque em Recife.
O publico caloroso de Pernambuco tem atraído muitos artistas nacionais e internacionais para Recife. Paul MacCartney ( No campo do arruda, casa do glorioso Santa Cruz F.C.) e Chico Buarque, por exemplo estão com shows marcados para esta semana. Bem, como um bom estudante, que sou, não vou poder estar a nenhum dos dois... Não que me falte tempo, não. Tempo não me sobra, mas também não me falta. O que falta é dinheiro!
Acontece que o preço do ingresso para os shows está um absurdo. O ingresso do show de Paul, confesso, nem sei quanto custa ( Também, em nada me interessa o Beatle. Que me perdoe o mundo do Rock!), mas o de Chico, da ultima vez que vi custava a bagatela de 230,00 R$. Baratinho, não? Não mesmo!
Acontece que o preço do ingresso para os shows está um absurdo. O ingresso do show de Paul, confesso, nem sei quanto custa ( Também, em nada me interessa o Beatle. Que me perdoe o mundo do Rock!), mas o de Chico, da ultima vez que vi custava a bagatela de 230,00 R$. Baratinho, não? Não mesmo!
Lembro que dia desses vínhamos, eu e o amigo (também cronista.) Danillo Melo, discutindo sobre esse assunto. Fui/Sou, de fato, ferrenho nas críticas quanto aos preços do show do Buarque. No auge da discussão, gozei da intimidade com o amigo e me permiti ser quase maldoso com o (grande) compositor:
- O fato de fazer um show nesse preço descaracteriza o aspecto popular (?) defendido, outrora, por Chico. Quase uma contradição. Chico está, em minha opinião, pisando em tudo o que disse no passado! ( Veneno de fã que não vai poder assistir ao show!)
O amigo, que estava tragando a guaraná Antártica, quase engasgou. Olhou-me como quem não escutou o que foi dito. Confirmei!
- Isto mesmo. Uma heresia! ( Na verdade quando falei “Uma Heresia” me referia ao que eu tinha acabado de dizer, mas ele não precisava saber!)
Eu vi, nessa hora, o camarada quase me expulsar do quintal de sua casa. Cofiou o cabelo que quase lhe faltava ( alguns dias antes tinha sabido que passou no curso de letras da Universidade Federal de Pernambuco!), me olhou como um advogado de defesa e discorreu com a educação de sempre:
- Na verdade eu acho um exagero. ( eu também!) Realmente o preço está absurdo, mas daí dizer que o Chico está se contradizendo... Bobagem. Exagero puro!
- Nada... ( Interrompeu-me)
- Na verdade ele não cuida dos preços... Só é contratado. Chega, faz o show e vai embora para o Rio de Janeiro. Os patrocinadores, estes sim, são culpados!
Concordei com o poeta. Mesmo assim cogitei:
- Mas, Danillo, Como é o nome do responsável por trazer o Buarque à Pernambuco.
- Ah meu velho, sei lá.
- Então, me diz, a quem eu vou criticar? Em quem vou descer a lenha?
- Cara, desce no Chico mesmo, que eu vou é dormir!
- Boa noite, meu irmão!
- Vai lá.
Voltei para casa, cansado de tanto falar mal do Buarque, mesmo que de boca a fora. Pus o Cd Carioca pra tocar e fui dormir feliz pelo fato de Chico existir, mesmo cobrando 230,00 R$ pelo ingresso do show.
-Gleison Nascimento, 16/04/2012-
quinta-feira, 12 de abril de 2012
GPS
O homem desde sempre conseguiu chegar aonde quis. Desde sempre, por si
só, o homem conseguiu encontrar o seu destino, até o dia em que
inventaram o GPS.
Para quem não sabe o GPS é uma tecnologia que tem como objetivo
atrapalhar a viagem dos condutores de carro. Na verdade, acredito que
o GPS é invenção dos donos de posto de gasolina. Sim, porque nunca vi
nada alongar mais uma viagem do que os conselhos do GPS. Aquela voz
(esposa do dono dos postos BR?) fica te dizendo: - Daqui a 300 metros
dobre à direita. – Entre à esquerda para a Avenida Austáquio de Souza.
– A 200 metros curve levemente para a direita na Avenida Doutor
Maviael de Andrade... E pronto, estás perdido!
Nesse momento é que você apela para a forma mais eficiente de
informações de trânsito. O bom e velho PPS ( Pergunta Para Saber!)
entra em cena para salvar a sua pele.
O primeiro passo é encontrar um acostamento. Depois disso você aborda
o primeiro marchante que lhe aparentar bom humor e pergunta: - Oh
patrão, como faço para chegar à Avenida Caxangá? Pronto, mas não se
iluda. É apenas o primeiro passo para a liberdade, depois de chegar,
aliviado, em casa, entre na internet e anuncie a venda de um GPS
novinho em folha. Duvido que alguém em sã consciência queira comprar,
mas há sempre um louco, viciado em tecnologia, que talvez ainda se
iluda com as facilidades trazidas pelo GPS. Bem, antes de sair de casa
o bom mesmo é ver se o celular está carregado ( quem não tem um amigo
Atlas a quem se possa enviar um SMS de SOS?) e o mapa no porta-luvas. Se, por acaso, alguém quiser te vender um GPS, não exite. Mande-o à PQP.
-Gleison Nascimento-
só, o homem conseguiu encontrar o seu destino, até o dia em que
inventaram o GPS.
Para quem não sabe o GPS é uma tecnologia que tem como objetivo
atrapalhar a viagem dos condutores de carro. Na verdade, acredito que
o GPS é invenção dos donos de posto de gasolina. Sim, porque nunca vi
nada alongar mais uma viagem do que os conselhos do GPS. Aquela voz
(esposa do dono dos postos BR?) fica te dizendo: - Daqui a 300 metros
dobre à direita. – Entre à esquerda para a Avenida Austáquio de Souza.
– A 200 metros curve levemente para a direita na Avenida Doutor
Maviael de Andrade... E pronto, estás perdido!
Nesse momento é que você apela para a forma mais eficiente de
informações de trânsito. O bom e velho PPS ( Pergunta Para Saber!)
entra em cena para salvar a sua pele.
O primeiro passo é encontrar um acostamento. Depois disso você aborda
o primeiro marchante que lhe aparentar bom humor e pergunta: - Oh
patrão, como faço para chegar à Avenida Caxangá? Pronto, mas não se
iluda. É apenas o primeiro passo para a liberdade, depois de chegar,
aliviado, em casa, entre na internet e anuncie a venda de um GPS
novinho em folha. Duvido que alguém em sã consciência queira comprar,
mas há sempre um louco, viciado em tecnologia, que talvez ainda se
iluda com as facilidades trazidas pelo GPS. Bem, antes de sair de casa
o bom mesmo é ver se o celular está carregado ( quem não tem um amigo
Atlas a quem se possa enviar um SMS de SOS?) e o mapa no porta-luvas. Se, por acaso, alguém quiser te vender um GPS, não exite. Mande-o à PQP.
-Gleison Nascimento-
terça-feira, 10 de abril de 2012
A flor de Antônio
Antonio, trabalhador de uma montadora de carros em Ipojuca, acorda todos os dias as 5:30 da manhã e vai de bicicleta ao trabalho. Ganha dois salários mínimos, com os quais faz o máximo pra render até o fim do mês. Contas? Muitas. divertimentos? Raros. Em alguns fins de semana, reúne os amigos pra beber Coca com Rum Montila e ver mais graça na vida, que poucas vezes lhe é engraçada durante a semana. Filhos na escola, esposa em casa. A sua cabeça afogada no trabalho, fadiga, stress, pergunta-se: "porque tão longo é o dia?" Certa feita resolveu mudar! Largou o emprego, separou da mulher, deixou os filhos com a avó e caiu no mundo a fora. Ultima vez foi visto numa praia deserta, vendendo flores. Sorridente como um bom vendedor, entregava suas rosas perfumadas as freguesas seguida dos seguintes dizeres: "uma flor para uma bela". que lhe retribuíam com o ar de sua graça e os R$ 2,50 do delicado ser vivo. Juntava!! e enviava mensalmente uma quantia pra sua mãe.
Ao contar sua história, disseram - “louco, irresponsável!!" Ele simplesmente respondeu - “a pior irresponsabilidade é aquela com a nossa própria vida. Ser infeliz por um ideal social, é a morte que mata aos poucos. Pois viver matando o tempo, é suicidar-se, sem prazer”.
Pensei o quanto valioso na vida é o apreço por ela. Viver é muito mais que ter um trabalho, renda fixa, pagar suas contas em dia, que já é muito difícil. Além disso, é necessário encontrar motivos para sorrir todos os dias, dar gargalhadas, perceber o que nos circunda. Mesmo um coração recrudescido, pode esmorecer diante de uma flor!
- Frank Sósthenes-
( Crônica publicada pelo autor no facebook.)
Ao contar sua história, disseram - “louco, irresponsável!!" Ele simplesmente respondeu - “a pior irresponsabilidade é aquela com a nossa própria vida. Ser infeliz por um ideal social, é a morte que mata aos poucos. Pois viver matando o tempo, é suicidar-se, sem prazer”.
Pensei o quanto valioso na vida é o apreço por ela. Viver é muito mais que ter um trabalho, renda fixa, pagar suas contas em dia, que já é muito difícil. Além disso, é necessário encontrar motivos para sorrir todos os dias, dar gargalhadas, perceber o que nos circunda. Mesmo um coração recrudescido, pode esmorecer diante de uma flor!
- Frank Sósthenes-
( Crônica publicada pelo autor no facebook.)
quarta-feira, 21 de março de 2012
A vida sem eles
Há tempos que não componho uma crônica para preencher este
blog. Aos que desejavam ouvir mais palavras, perdoem a demora. É que faz algum
tempo que os 99% de transpiração não encontram aquele 1% de inspiração que eu
preciso para fechar a minha criação. Aos que me ouvem pela primeira vez, espero
que seja prazeroso para vocês.
Esta crônica, que agora vos apresento, iria ser intitulada “A
vida sem ela”, mas na hora da criação, eu recebi aquele 1% divino e tudo mudou.
Mudei tudo. Irei falar, agora, sobre “a vida sem eles”.
A internet é “ela”! Os livros são “eles”! Não vivo sem “eles”
(a internet e os livros), mas hoje, não gostaria de falar dela. Vou falar
somente “deles” (os livros). Perdoem os trocadilhos “... é coisa de poeta
navegar na contramão...”.
Não vivo sem eles! Os livros são drogas. Causam dependência.
Nos prendem, nos tiram da realidade, nos sugam, nos fazem esquecer da vida. São
quase pessoas. Conversam conosco, mudam a nossa maneira de ver o mundo e a nós
mesmos. Transformam nossas mentes, influenciam nossos pensamentos e motivam
nossos sonhos.
São buracos negros. São o portal para outros e infinitos
mundos. São a fonte inesgotável do saber. São a perpetuação da alma humana. A
materialização da imortalidade. A concretização do conhecimento. O veículo para
a fantasia. A estrada para o infinito. A terra da liberdade.
Praticamente todas as religiões veem nos livros o poder de
curar, de mudar, de transformar de ser um remédio para a alma, de ser o veículo
de comunicação com um ser superior... O céu deve ser uma grande biblioteca... Os
livros são o legado dos homens e da humanidade. São o diário do mundo. O homem
começou escrevendo livros nas paredes e hoje, escreve livros em telas.
Os livros são o ópio para a alma dos poetas e a lei para a
alma dos profetas. Os livros são as ideias dos sábios e dos loucos. São o
melhor mundo em que as crianças já viveram e a melhor experiência que já
tiveram.
Nunca houve vida sem eles. Sempre há vida neles.Os livros tem
vida e dão vida. Por eles e através deles é que eu me sinto vivo...
-Danillo Melo-
21/03/2012
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Políticos e patos.
Os patos produzem, debaixo da cauda, uma secressão oleosa. Com o bico, estes espalham esta cera pelas penas e assim conseguem nadar, submergir na água e suas penas continuam secas. Tornam-se impermeáveis. Assim os patos conseguem nadar e voar, sem peso nas penas, sem se afogar.
Dizem os cientistas que se você quer afogar um pato, basta lavá-lo com detergente e jogá-lo na água. Ele afundará com o peso das penas molhadas.
Representantes públicos são como os patos. Nadam por águas turvas, submergem para pegar seus peixes. Voltam à superfície e continuam nadando sem nenhum problema, sem peso que lhes faça afundar.
Existe uma única diferença entre patos e políticos. Para os políticos, não há detergente no mundo que os afogue.
O povo é quem paga o pato.
-Gleison Nascimento-
Dizem os cientistas que se você quer afogar um pato, basta lavá-lo com detergente e jogá-lo na água. Ele afundará com o peso das penas molhadas.
Representantes públicos são como os patos. Nadam por águas turvas, submergem para pegar seus peixes. Voltam à superfície e continuam nadando sem nenhum problema, sem peso que lhes faça afundar.
Existe uma única diferença entre patos e políticos. Para os políticos, não há detergente no mundo que os afogue.
O povo é quem paga o pato.
-Gleison Nascimento-
Que soe como música...
Um amigo lançou-me, há pouco tempo atrás, um desafio:
escrever uma crônica sobre a música brasileira. A princípio, não vi nada de
desafiador nisso, mas depois de ponderar cuidadosamente o seu pedido, descobri
que era, sim, um desafio. Isso porque falar de música pode ser polêmico. Senti
medo de ser incompreendido ou até ofensivo e decidi ser brando, o mais brando
possível. Mas vou expor com o máximo de clareza que posso a minha visão a
respeito de algo que é tão vivo e crucial em minha vida. Aí está...
Nasci em 1988. Alguns dos meus “ídolos” da música já estavam
mortos naquela época ou morreram algum tempo depois e outros (ainda bem) estão
vivos e ainda cantam. Cresci ouvindo Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de
Moraes, Antônio Nóbrega, Zizi Possi, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Cazuza,
Cássia Eller,Legião Urbana,... (só para citar alguns). Também ouvi Mamonas
Assassinas, Claudinho e Buchecha, Magníficos, Só Pra Contrariar...(que eram os
mais tocados naquela época, segundo minha vaga memória). Os estilos ou ritmos
que mais influenciaram minha vida e meu trabalho como compositor e poeta e
ainda muito me influenciam são o frevo e o maracatu, o samba e a bossa nova e o
rock brasileiro das décadas de 70 a 90. Pronto! Depois dessa (talvez
entediante) viagem pelo meu pequeno mundo da música vou fazer minhas
considerações.
A música não só influencia a nossa maneira de ver o mundo
como também é um produto da nossa maneira de ver o mundo. A música que ouvimos
de livre e espontânea vontade é um reflexo de nossas necessidades físicas,
intelectuais, mentais e amorosas. Isso acontece porque a música mexe com a alma
causando sensações e saciando desejos. É uma necessidade básica da vida, assim
como comer e beber. Mesmo quem diz nunca ouvir música, de uma maneira ou de
outra, sempre houve e necessita dela. Nós a ouvimos para dançar e se distrair,
para chorar e sofrer, para “dar a volta por cima” e recobrar o ânimo, para
adquirir conhecimento e desenvolver o intelecto, para protestar, entrar em
êxtase e até como ritual de acasalamento. A música que escolhemos ouvir é
resultado da nossa personalidade, somada aos diversos momentos e situações que
enfrentamos em nossa vida. Por isso há músicas e bandas que nós já gostamos um
dia e hoje não gostamos mais. Já se perguntaram, por exemplo, qual o
adolescente brasileiro que em meio aos desafios da adolescência não ouviu e se
identificou com as canções da Legião Urbana para preencher o vazio que trazia a
sua existência cheia de problemas e tão incompreendida?
Apesar da ligação entre a música e as situações de nossa
vida, não posso deixar de citar que há músicas que atravessam o tempo, as
gerações. Essas se encaixam perfeitamente ao nosso modo de ser e se tornam
parte de nós. Elas se encaixam no nosso tempo e em qualquer dos nossos
momentos. Encaixaram-se no tempo e momento de gerações antes de nós e
provavelmente farão o mesmo com as gerações que virão. Essas são, para mim,
aquele conceito polêmico de “música boa”...( Lembro de ouvir meus sobrinhos,
alguns deles com 8 e 9 anos cantando marchinhas de Carnaval, como se fossem
músicas criadas no meu tempo ou no deles)
Acredito, sim, que há músicas que são boas para uns e não são
boas para outros. Aquela velha estória da relatividade. Mas também acredito que
há músicas que são boas para todos e outras que são ruins para todos... Perdoem
minhas colocações. Não são imposições, são pontos de vista. Vou dar nome aos
bois, em breve...
Incluo no conceito também polêmico de “música ruim” qualquer
música que incite a violência, o uso de drogas, a imoralidade e a pornografia.
Essas são ruins, para mim, porque não somam nada positivo à sociedade, não
promovem a paz e nem fortalecem a família. Sob a falsa capa de liberdade de
expressão, nós perdemos o pudor e tratamos com normalidade tendências musicais
que agridem valores essenciais para a manutenção de uma sociedade mais firme. Uma
das atuais vertentes atuais do Funk e do Brega são grandes exemplos disso. Funks
diferentes daqueles que ouvíamos das canções de Claudinho e Buchecha e Bregas
diferentes dos clássicos de Reginaldo Rossi, são responsáveis por bombardear
jovens e crianças, principalmente, com imagens e danças que destroem a família
e vulgarizam a sexualidade. Quando penso nisso, lembro de algumas canções de
Chico Buarque, cantadas por Maria Bethania que cantam desejos e situações íntimas de sexo e amor de maneira
tão bela, poética e séria que quase não nos damos conta de que falam sobre
sexo. A música boa não agride, não invade, ela edifica.
Já ouviram aquela
famosa frase que diz: “não deixemos um mundo melhor para nossos filhos, mas
deixemos filhos melhores para o nosso mundo” ? Não é uma verdade? Como podemos
tornar o nosso país um país melhor se de um lado ensinamos nossas crianças a
importância do trabalho, do estudo e da família e de outro ensinamos a
violência, o uso de drogas(lícitas e ilícitas) e a futilidade?
Acredito na liberdade e na individualidade. Acredito que
cada homem e mulher tem o direito de agir e guiar suas vidas da maneira como
quiserem, de acordo com suas consciências, sem atropelar os direitos do próximo.
Mas acredito que os pais devem ensinar coisas boas às suas crianças, pois o
mundo já tem muito de muito ruim para ensiná-las e elas precisam de outras opções,
para escolherem, quando crescerem, os caminhos que trilharão.
Ao amigo que me lançou o desafio, obrigado! Ele foi aceito e
enfrentado... As músicas brasileiras, meu amigo, são como TV’s e os nossos
ouvidos como Controles Remotos!
-Danillo Melo-
07/02/2012
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