quinta-feira, 19 de julho de 2012

E aí, curtiu?!

Facebook... Sabem por que o usamos enquanto pessoas físicas (ou seria virtuais?...)? Porque queremos ser públicos. Porque em nossa sociedade o status é supervalorizado. O facebook é a vitrine da nossa vida e somos nós que fazemos questão de estampá-la. E por que estampar a nossa vida em uma vitrine? Porque pretendemos ser olhados e admirados, seguidos e apoiados. Porque o anonimato nos parece medíocre. Porque sem os outros não haverá alguém, além de nós mesmos, que se orgulhe da grandeza de nossos pensamentos, palavras e ações. Sim, ele é uma rede social, mas é, ao mesmo tempo, extremamente individual e egoísta. Como praticamente tudo em nossa vida, a nossa existência no facebook é regida por interesses. Interesses que vão dos mais nobres aos mais fúteis. E todo o nosso interesse gira em torno de uma só pessoa: o "eu". Postar algo no facebook e não receber um comentário, um compartilhamento ou um "curtir" é como falar, em um lugar repleto de pessoas, e ser ignorado por todas elas, ao mesmo tempo. E isso machuca ele: o "eu"... O próprio conceito da palavra "social" se torna mais complexo depois disso. Um relacionamento social pode ser mantido à distância? Virtualmente? O facebook mais distancia que aproxima. É mais rede e menos social. E agente se balança, com preguiça, por horas, porque nessa rede, se balançar não parece ócio, mas é mais ócio que trabalho. E se relacionar com as pessoas através do facebook, não é mais teclar...é falar. Porque no facebook nós podemos cutucar, sorrir, ficar vermelhos, oferecer uma bela rosa a uma bela moça e até chorar...tudo isso enquanto assistimos a novela e visualizamos um vídeo no youtube. Não sei como seria se todas as coisas que eu digo e escuto fossem ditas e ouvidas tendo os meus interlocutores fisicamente presentes. Pelo facebook não se sente o calor de outrem, não se ouve o suspiro, nem o tremor na voz, não se vê o arrepiar dos pelos, nem se assiste ao olhar desconcertado, não se abraça e nem se beija, nem mesmo com os mais potentes microfones e webcams. Mas nós insistimos em, sutilmente, substituir as idas à casa de um amigo, pela ida até o computador na sala. E quando nós "entramos" na "sala de bate papo" do facebook, não sabemos quem deseja, realmente, falar conosco ou quem ficará chateado por não "ouvir" um "oi" dos nossos teclados, pois nessa sala, tão cheia de gente, não há olhos para vermos e tentarmos decifrar mensagens de interesse, aceitação, empatia e procura... Um grande amigo de São Paulo, Sebastião Fernandes, deixou o facebook, há alguns meses atrás. Felizmente, agora, que tenho algo importante para falar com ele, terei que me submeter ao nobre trabalho de telefoná-lo e ouvir sua voz de locutor enquanto temos uma conversa daquelas...daquelas que fazem duas pessoas se tornarem melhores depois dela...Não condeno quem usa ou não usa o facebook. Eu uso, o Sebastião, não. "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...", disse o poeta... vou entrar lá e postar o link dessa crônica para que outros analisem... analisem esse pedaço da minha vitrine...e você, caro leitor, curtiu?!...

-Danillo Melo-
 19/07/2012

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