Os patos produzem, debaixo da cauda, uma secressão oleosa. Com o bico, estes espalham esta cera pelas penas e assim conseguem nadar, submergir na água e suas penas continuam secas. Tornam-se impermeáveis. Assim os patos conseguem nadar e voar, sem peso nas penas, sem se afogar.
Dizem os cientistas que se você quer afogar um pato, basta lavá-lo com detergente e jogá-lo na água. Ele afundará com o peso das penas molhadas.
Representantes públicos são como os patos. Nadam por águas turvas, submergem para pegar seus peixes. Voltam à superfície e continuam nadando sem nenhum problema, sem peso que lhes faça afundar.
Existe uma única diferença entre patos e políticos. Para os políticos, não há detergente no mundo que os afogue.
O povo é quem paga o pato.
-Gleison Nascimento-
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Que soe como música...
Um amigo lançou-me, há pouco tempo atrás, um desafio:
escrever uma crônica sobre a música brasileira. A princípio, não vi nada de
desafiador nisso, mas depois de ponderar cuidadosamente o seu pedido, descobri
que era, sim, um desafio. Isso porque falar de música pode ser polêmico. Senti
medo de ser incompreendido ou até ofensivo e decidi ser brando, o mais brando
possível. Mas vou expor com o máximo de clareza que posso a minha visão a
respeito de algo que é tão vivo e crucial em minha vida. Aí está...
Nasci em 1988. Alguns dos meus “ídolos” da música já estavam
mortos naquela época ou morreram algum tempo depois e outros (ainda bem) estão
vivos e ainda cantam. Cresci ouvindo Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de
Moraes, Antônio Nóbrega, Zizi Possi, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Cazuza,
Cássia Eller,Legião Urbana,... (só para citar alguns). Também ouvi Mamonas
Assassinas, Claudinho e Buchecha, Magníficos, Só Pra Contrariar...(que eram os
mais tocados naquela época, segundo minha vaga memória). Os estilos ou ritmos
que mais influenciaram minha vida e meu trabalho como compositor e poeta e
ainda muito me influenciam são o frevo e o maracatu, o samba e a bossa nova e o
rock brasileiro das décadas de 70 a 90. Pronto! Depois dessa (talvez
entediante) viagem pelo meu pequeno mundo da música vou fazer minhas
considerações.
A música não só influencia a nossa maneira de ver o mundo
como também é um produto da nossa maneira de ver o mundo. A música que ouvimos
de livre e espontânea vontade é um reflexo de nossas necessidades físicas,
intelectuais, mentais e amorosas. Isso acontece porque a música mexe com a alma
causando sensações e saciando desejos. É uma necessidade básica da vida, assim
como comer e beber. Mesmo quem diz nunca ouvir música, de uma maneira ou de
outra, sempre houve e necessita dela. Nós a ouvimos para dançar e se distrair,
para chorar e sofrer, para “dar a volta por cima” e recobrar o ânimo, para
adquirir conhecimento e desenvolver o intelecto, para protestar, entrar em
êxtase e até como ritual de acasalamento. A música que escolhemos ouvir é
resultado da nossa personalidade, somada aos diversos momentos e situações que
enfrentamos em nossa vida. Por isso há músicas e bandas que nós já gostamos um
dia e hoje não gostamos mais. Já se perguntaram, por exemplo, qual o
adolescente brasileiro que em meio aos desafios da adolescência não ouviu e se
identificou com as canções da Legião Urbana para preencher o vazio que trazia a
sua existência cheia de problemas e tão incompreendida?
Apesar da ligação entre a música e as situações de nossa
vida, não posso deixar de citar que há músicas que atravessam o tempo, as
gerações. Essas se encaixam perfeitamente ao nosso modo de ser e se tornam
parte de nós. Elas se encaixam no nosso tempo e em qualquer dos nossos
momentos. Encaixaram-se no tempo e momento de gerações antes de nós e
provavelmente farão o mesmo com as gerações que virão. Essas são, para mim,
aquele conceito polêmico de “música boa”...( Lembro de ouvir meus sobrinhos,
alguns deles com 8 e 9 anos cantando marchinhas de Carnaval, como se fossem
músicas criadas no meu tempo ou no deles)
Acredito, sim, que há músicas que são boas para uns e não são
boas para outros. Aquela velha estória da relatividade. Mas também acredito que
há músicas que são boas para todos e outras que são ruins para todos... Perdoem
minhas colocações. Não são imposições, são pontos de vista. Vou dar nome aos
bois, em breve...
Incluo no conceito também polêmico de “música ruim” qualquer
música que incite a violência, o uso de drogas, a imoralidade e a pornografia.
Essas são ruins, para mim, porque não somam nada positivo à sociedade, não
promovem a paz e nem fortalecem a família. Sob a falsa capa de liberdade de
expressão, nós perdemos o pudor e tratamos com normalidade tendências musicais
que agridem valores essenciais para a manutenção de uma sociedade mais firme. Uma
das atuais vertentes atuais do Funk e do Brega são grandes exemplos disso. Funks
diferentes daqueles que ouvíamos das canções de Claudinho e Buchecha e Bregas
diferentes dos clássicos de Reginaldo Rossi, são responsáveis por bombardear
jovens e crianças, principalmente, com imagens e danças que destroem a família
e vulgarizam a sexualidade. Quando penso nisso, lembro de algumas canções de
Chico Buarque, cantadas por Maria Bethania que cantam desejos e situações íntimas de sexo e amor de maneira
tão bela, poética e séria que quase não nos damos conta de que falam sobre
sexo. A música boa não agride, não invade, ela edifica.
Já ouviram aquela
famosa frase que diz: “não deixemos um mundo melhor para nossos filhos, mas
deixemos filhos melhores para o nosso mundo” ? Não é uma verdade? Como podemos
tornar o nosso país um país melhor se de um lado ensinamos nossas crianças a
importância do trabalho, do estudo e da família e de outro ensinamos a
violência, o uso de drogas(lícitas e ilícitas) e a futilidade?
Acredito na liberdade e na individualidade. Acredito que
cada homem e mulher tem o direito de agir e guiar suas vidas da maneira como
quiserem, de acordo com suas consciências, sem atropelar os direitos do próximo.
Mas acredito que os pais devem ensinar coisas boas às suas crianças, pois o
mundo já tem muito de muito ruim para ensiná-las e elas precisam de outras opções,
para escolherem, quando crescerem, os caminhos que trilharão.
Ao amigo que me lançou o desafio, obrigado! Ele foi aceito e
enfrentado... As músicas brasileiras, meu amigo, são como TV’s e os nossos
ouvidos como Controles Remotos!
-Danillo Melo-
07/02/2012
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