terça-feira, 1 de maio de 2012

Os donos da rua.


Estávamos, eu e alguns amigos, voltando de uma calourada que
acontecera no campus da UFPE. Dirigíamo-nos à rua da moeda, Recife
Antigo, na intenção de assistir a um show que aconteceria por ali.
Quem, em sã consciência e vigor físico, vai querer se recolher em
casa, numa sexta-feira, antes das 00:00h?  Sexta-Feira é dia de não
voltar para casa. É dia de: - Mãe, até amanhã!
A essa altura tentávamos estacionar nas redondezas... Achamos uma vaga
perto do Paço Alfândega, ótimo lugar pra estacionar apesar da mórbida
iluminação. Meia luz. Efeito? Não. Descaso público, mesmo!
Enquanto o Kerlle de Magalhães fazia a baliza para estacionar (na vaga
apertada!), a Marina Fenicio se soltava do cinto de segurança que
ainda não se acostumara a usar (Usa pela minha insistência na
prevenção de todos, principalmente das multas!) e o Fernando Bessony
nos contava, super entusiasmado... Quase a cantar, os detalhes da
palestra de um roteirista famoso, que por sinal é seu xará (Fernando
não sei das quantas!), que ele tinha assistido no início da noite,
percebi que, do outro lado da rua, alguém tinha notado nossa chegada e
estava atravessando a pista em nossa direção.
O rapaz magro, com o chapéu fazendo sombra ao rosto, ficou esperando
que terminássemos a baliza. Assim que o Kerlle parou o carro, o rapaz se
estacionou perto da porta do motorista. Descemos todos!
Confesso que não ouvi o que ele falara ao Kerlle. Na verdade, só
entendi o que o rapaz queria quando já estávamos saindo dali. O amigo
e motorista da vez, resmungara: - A rua é pública!
Na verdade, no papel, o Kerlle tem total razão, mas na prática a rua
não é tão pública assim. Principalmente as ruas escuras. Lotes tomados
pela força que tem a violência e pela falta de preparação ( ou
interesse!) quem tem o poder público!
Tipo, você vai estacionar seu carro em uma rua escura e chega um dono
da rua (?), popularmente conhecido como flanelinha, te dizendo:
- Meu patrão, não precisa se preocupar... Estou aqui cuidando do seu
patrimônio. Ninguém mexe, mas tem que pagar adiantado!
Na verdade ele está te dizendo subjetivamente:
- Oh, seu otário impotente, escolhe... Ou tu me pagas pelo que, na
verdade, já pagas como imposto, ou eu vou pintar miséria no teu carro!
E ai, paga pra ver?

-Gleison Nascimento-

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