quinta-feira, 14 de junho de 2012

O despertar da velhice


Recebi, hoje, uma triste notícia. O meu grande amigo e também cronista Marcello Borba me mandou um link de uma pequena matéria com o seguinte título: Gabriel Garcia Márquez estaria perdendo a memória. “Minha nossa!”, pensei . Lembrei-me de uma parte do romance Cem anos de Solidão, quando um personagem do livro precisou escrever o nome de cada objeto ao seu redor para não esquecê-los. Quanta ironia. Meu comentário e resposta a respeito do texto foram: “...uma mente genial esquecendo-se das coisas, mas seus livros também são sua memória!” “Seus livros também são sua memória...”  Assim como o seu personagem, o escritor colombiano já registrou sua memória. Pensei no tempo e no que ele faz com os gênios e os não gênios. Ele não poupa ninguém. O tempo tem um papel primordial na escola da vida, porque ele nos dá e nos tira as coisas. Não importa se você tem apenas 20 anos. Você não está velho, nem acho que você esteja ficando velho. Mas você já viu o que o tempo faz. Provavelmente você já sofreu e já se regozijou com a influência do tempo em sua vida. E uma das coisas que o tempo traz é, justamente, ela, a velhice. Acho que a velhice é muito mais do que ficar cheio de rugas e perder a beleza. É a sensação de que o fio está se desprendendo. O fio da vida. É o pôr do sol. É como se toda uma vida fosse o alvorecer e o ocaso. Como se fosse um só dia, que de tão efêmero, nos faz pensar no que fazer, antes que esse dia termine, pra que tudo vivido possa ter valido a pena. E pior do que perder a memória é não ter uma memória. Algo digno e capaz de ser apreciado. Algo para que, assim como um grande escritor, você e outros possam lembrar do que você é ou foi. Mas eu não estou falando de livros, estou falando de atos. Além dos diários e das fotografias, deixemos um filho, uma árvore, um bom exemplo, um legado. É o legado que ficará, depois de tudo, quer percamos a memória ou a vida. É o legado que fará com que sejam escritas, no tempo, a nossa história, até que ele perceba que não consegue nos levar completamente. E o tempo de tão curto, nos ensina a usá-lo melhor, até ficarmos velhos de tanto amor, realizações e alegrias. Que ao olhar para trás, do nascer do sol, até agora, possamos sentir, com satisfação, que estamos escrevendo uma obra-prima chamada vida...Tenham um bom dia!

-Danillo Melo-
14/06/2012

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