Recebi, hoje, uma triste notícia. O meu grande amigo e
também cronista Marcello Borba me mandou um link de uma pequena matéria com o
seguinte título: Gabriel Garcia Márquez
estaria perdendo a memória. “Minha nossa!”, pensei . Lembrei-me de uma
parte do romance Cem anos de Solidão, quando um personagem do livro precisou
escrever o nome de cada objeto ao seu redor para não esquecê-los. Quanta ironia.
Meu comentário e resposta a respeito do texto foram: “...uma
mente genial esquecendo-se das coisas, mas seus livros também são sua memória!”
“Seus livros também são sua memória...” Assim
como o seu personagem, o escritor colombiano já registrou sua memória. Pensei
no tempo e no que ele faz com os gênios e os não gênios. Ele não poupa ninguém.
O tempo tem um papel primordial na escola da vida, porque ele nos dá e nos tira
as coisas. Não importa se você tem apenas 20 anos. Você não está velho, nem
acho que você esteja ficando velho. Mas você já viu o que o tempo faz.
Provavelmente você já sofreu e já se regozijou com a influência do tempo em sua
vida. E uma das coisas que o tempo traz é, justamente, ela, a velhice. Acho que
a velhice é muito mais do que ficar cheio de rugas e perder a beleza. É a
sensação de que o fio está se desprendendo. O fio da vida. É o pôr do sol. É como
se toda uma vida fosse o alvorecer e o ocaso. Como se fosse um só dia, que de
tão efêmero, nos faz pensar no que fazer, antes que esse dia termine, pra que
tudo vivido possa ter valido a pena. E pior do que perder a memória é não ter
uma memória. Algo digno e capaz de ser apreciado. Algo para que, assim como um grande escritor, você e outros possam lembrar do que você é ou foi. Mas eu não estou falando de livros, estou falando de
atos. Além dos diários e das fotografias, deixemos um filho, uma árvore, um bom
exemplo, um legado. É o legado que ficará, depois de tudo, quer percamos a
memória ou a vida. É o legado que fará com que sejam escritas, no tempo, a
nossa história, até que ele perceba que não consegue nos levar completamente. E
o tempo de tão curto, nos ensina a usá-lo melhor, até ficarmos velhos de tanto
amor, realizações e alegrias. Que ao olhar para trás, do nascer do sol, até agora,
possamos sentir, com satisfação, que estamos escrevendo uma obra-prima chamada
vida...Tenham um bom dia!
-Danillo Melo-
14/06/2012
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